sexta-feira, 5 de abril de 2013

Uma historia do tempo de Adão e Eva - Quando começamos a ser os "Bodes espiatorios" do mundo




Nasci em uma época em que as mulheres eram tratadas como propriedade particular.  Eram mantidas dentro de suas casas cuidando dos filhos e aceitando todo o tipo de desmandos do seu “senhor e dono”. Eram tratadas como se fossem verdadeiras propriedades mesmo,  era normal os pais maltratarem seus filhos e isso era considerado uma deferência, pois aquele era um pai severo. As dores femininas quando expostas, eram chamadas de “colapsos nervosos”. As mulheres eram profundamente exploradas, dilaceradas espiritualmente, amordaçadas e contidas a qualquer custo. E quando alguma delas conseguia fugir da coleira era considerada uma mulher errada, louca, um mau exemplo para as famílias daquela comunidade que evitava ao máximo o contato com esse “tipo”.
Talvez tenha sido por isso que passei grande parte da minha vida tentando disfarçar quem eu realmente queria ser. A minha vida parecia está reduzida a nada, era considerada uma pessoa diferente no meio de uma família numerosa, e tradicional do local onde nasci. Tentei de varias formas todas erradas é claro me adaptar aos moldes, mas tenho que confessar que todas as minhas tentativas, foram desastradas e falharam.
Um dia depois de muitas tentativas e erros, tive que admitir para mim mesmo que eu era uma pária dentro daquela família, eu apenas servia para deixa-los envergonhados com minhas atitudes diferentes e intempestivas, e então decidi seguir por novas trilhas, que também não foram de forma alguma fáceis, mas ao menos eu não tinha os olhos de toda minha família sobre mim, e isso era um grande alivio. É terrível quando você sente o julgamento sobre você o tempo todo. Meu papel era o mesmo da Eva em gênesis, o de bode expiatório.  Outro dia estava pensando sobre isso a imensa raiva que todas nós mulheres carregamos em nosso consciente coletivo dos homens, vem dos tempos bíblicos. Quando Deus perguntou a Adão o porquê de eles terem comido a maça, ele simplesmente respondeu “Ela me obrigou” transformando Eva no primeiro “Bode expiatório” do mundo, de lá para cá a historia não mudou muito para nós, infelizmente.
Desde esse tempo imemorial os homens nos negligenciam, tentam soterrar nosso espirito, e nos domesticar, para que sejamos sempre seus “bodes expiatórios”, tentam controlar nossa vida, nossos sonhos, nossos desejos, nos deixam desoladas, agitadas, ansiosas por um espaço que nos é negado, hoje com sutileza é obvio, mais ainda assim continua sendo negado.
Essas são feridas que carregamos em nossa alma de mulher, muitas delas conseguimos por nós mesmas encontrar o medicamento certo, para outras temos medo até de usar o medicamento certo para sua cura de tão abertas ainda estão.
Abrir nosso coração e trazer essas  lembranças do nosso passado não muito feliz, na verdade de nosso passado trágico, não é fácil para nenhuma de nós. Muitas de nós não conhecem o amor, e estão amedrontadas, com medo... E o medo, há o medo! Ele é capaz de nos levar a fazer muitas coisas pouco amorosas. Quando nos foi negado o amor por um tempo muito longo, qualquer gesto de carinho e atenção consideramos uma agressão, é uma reversão de valores que nossa alma usa para sua própria proteção.
Sair por ai dizendo que foi o errado o que nos foi feito, de nenhuma forma vai mudar o fato de que fomos injustiçadas.  Fazer o outro sentir a culpa pelo que nos foi impingido não melhora em nada nossos ferimentos internos essa é a triste realidade minha amiga.
Meu convite é que olhemos para dentro de nós, é dentro de nós que encontra a cura de todas essas feridas que continua sangrando.  Vamos sim encontrar muitos obstáculos para desistirmos de nossa jornada interior, mas seja forte e siga em frente, sem duvida a escuridão irá se rasgar e você verá a luz que tanto ânsia. Levei um tempo muito longo até conseguir entender que o vazio que sentia dentro de mim, não era fome de comida, era fome de amor.  Durante todo esse tempo me sentia uma coitada, vitima das circunstancia, cheia de ressentimentos, me sentia usada e explorada, por todos a minha volta. Sabia que eu havia sido o “bode expiatório” da minha família e isso me deixa muito magoa, sem conseguir na verdade entender o porquê de tudo isso.
Não conseguia encontrar outra saída para a minha vida de infortúnio, dor, miséria, e humilhação. Foi assim até o dia em que tive coragem para olhar para dentro de mim, e começar a identificar minhas crenças, meus bloqueios, e enxergar o amor.
Nesse tempo de descobertas internas entendi que a origem de toda minha dor era os ecos das vozes da minha infância que carregamos em nossa mala, por toda a nossa vida, descobri que minha autoimagem negativa era resultado dos terríveis acontecimentos da minha infância dos comentários  maldosos, depreciativos, que passei toda a minha infância e adolescência ouvindo “para o meu bem”. Meu como o ser humano pode ser cruel!
Quando tive coragem para trazer a tona e reconhecer esses padrões negativos e reconhecer que meus pensamentos  e meu modo de vida era todo baseado neles, minha vida começou a mudar, vagarosamente e constantemente as mudanças começaram a chegar, quanto mais eu escava, mais mudanças começaram a acontecer, até hoje ainda tenho muito o que limpar e escavar, mas agora sinto sempre um grande prazer nessa tarefam, porque sei que vai me trazer um beneficio muito grande sempre...Foi preciso aprender a me desapegar desse investimento negativo que permite que fosse feito em mim, para conseguir enfrentar a vergonha e o medo da aniquilação que me dominava.

Um comentário:

  1. Apeguemos aos ensinamentos do cristo, amai vossos inimigos. E DEUS em sua infinita sabedoria, mostrou a igualdade entre homem e mulher quando disse que da costela do homem fez a mulher, tiremos a simbologia da história e entendemos que o fato é que DEUS mostra-nos o quanto somos iguais.

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