A violência em nosso lar, nos deixa sem rumo, sem o chão para nos apoiarmos, é comum não termos com quem contar, com um ombro amigo onde possamos chorar nossa imensa dor de mulheres, de mães. Autoestima e amor próprio não costumam fazer parte de nossos sentimentos nessa terrível fase. Perdemos completamente o controle das palavras, das nossas ações e até mesmo de nós mesmas.
A dilacerante dor da indiferença, do desprezo, do abandono, da perda, sangram até nos deixar totalmente sem energia, sem forças sequer para respirarmos e olharmos em volta no caos em que nos encontramos. Sentimos que não somos dignas de receber amor, atenção, cuidado, carinho, e o que é pior ainda sentimos que fomos abandonadas até por Deus.
Nosso desejo racional nunca coincide com o nosso desejo emocional. A razão nos pede para irmos embora, e a emoção nos pede para ficarmos. Sentimos um desejo enorme de que alguém venha nos salvar.
Esperamos que alguém nos tire dessa dor que dilacera tudo por dentro. Ilusão, porque a única pessoa que pode nos ajudar somos nós mesmas, mesmo nos sentindo incapazes de fazer isso. Frustramo-nos quando esperamos que alguém mude ou faça o que estamos esperando. Estamos sendo levadas por emoções conflitantes e por isso perdemos o controle e o discernimento do que é certo e do que é errado.
Nossas emoções nunca obedecem nossa razão. O que devemos fazer quando entramos em um tremendo conflito gerado por sentimentos opostos? Precisamos tentar descobrir a verdadeira causa da nossa enorme dor. Quanto mais choramos, gritamos, controlamos o outro, mais a dor aumentará e mais machucadas vamos ficar.
Temos que respirarmos fundo e buscar em nosso interior a certeza da atitude que devemos tomar, para que essa atitude não acabe por se transformar em mais sofrimento em vão, em outro arrependimento que muitas vezes não teremos nem como transforma-lo.
Responsabilizar o outro por nossas dores, não irá resolver o nosso problema. Temos que admitir que fomos nós mesmas que causamos a dor ao permitirmos que a situação permanecesse por um tempo indeterminado. Podemos colocar a culpa em nossos pais, em nossos irmãos, em nosso companheiro, maridos, filhos, amigos, e a lista nunca terá fim de todos que podem ser responsabilizados por nossas dores, mas isso não irá adiantar em nada.
A dificuldade em mudar os fatos está dentro de nós de cada uma de nós, sei o quanto isso é difícil de ser aceito. Mas é a interpretação que damos aos acontecimentos e situações que experienciamos que nos leva ao sofrimento.
Vamos tirar um tempo para respirarmos profundamente e então encontrar a solução que tanto almejamos.
É quando esperamos algo que nunca vai chegar. Vale lembrar da Oração da Serenidade adotada pelos Alcoólicos anônimos no mundo inteiro:
"Que Deus me dê serenidade para aceitar as coisas que não posso mudar,
coragem para mudar as que posso e
sabedoria para distinguir umas das outras".